sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Publicitários são loucos

Sim, eu queria sair da agência. Mas aí ganhei o título de destaque do ano e neste momento estou numa festa aqui dentro da empresa. A vice-presidente está dançando funk e o diretor de criação acaba de roubar a minha cerveja. Como posso deixar esse lugar?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Devagar... Divagar...........................

Algumas pessoas distantes me parecem tão interessantes, tão bonitas, tão admiráveis, tão inteligentes, tão talentosas.
Mas à medida que vão se aproximando, vão ficando nem tanto, tanto menos, tão pouco, quase nada.
Em compensação, há essas outras que, num olhar mais distraído, são tão básicas e tão apagadas, só que enquanto vêm chegando, vão se iluminando, se enchendo de vida e enchendo a nossa vida.
Pessoas intrigantes essas, que vão tomando o pensamento da gente aos pouquinhos, e quando a gente vê, se abancaram no lugar daquelas primeiras, tão belas, tão interessantes, tão maravilhosas, tão "esquecíveis".
Ontem vivi um dia de surpresas: realmente, está na hora de rever meus conceitos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

EMA EMA EMA

A vida é realmente irônica... Ontem eu tava triste, chateada, machucada e extremamente magoada. Então resolvi ir a pé pro ballet, pra arejar as idéias.
Caminhando pela Independência, eu passei por um mendigo que revirava o lixo. Sempre que vejo alguém revirando o lixo, passo mal. Não é nojo, não é pena (até porque essas pessoas provavelmente são mais dignas do que nós), mas é uma certa revolta, quem sabe até um sentimento de culpa.
O fato é que aquele cidadão era visivelmente perturbado, meio maluquete até, tipo o cantor da Redenção. Ele cantarolava uma música com muita empolgação, e era aquela que diz: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooor". Por incrível que pareça, essa foi a cena mais irônica e mais sensata que eu presenciei na semana: um mendigo tendo orgulho da sua condição.
Realmente o passeio serviu pra espairecer e pra ver que, digam o que disserem, façam o que fizerem, a vida é muito mais do que essas miudezas com que a gente se preocupa diariamente. E a partir daquele momento eu parei de me estressar.
FODAM-SE.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Sem inspiração


Secret Smile


Certa vez eu li que "o amor tem que ser belo e dolorido".
Não consigo imaginar como algo dolorido pode ser belo.
Eu já acho que o amor tem que ser belo e COLORIDO!
Tem que ser leve e sorridente, tem que ser como um samba bem dançado, uma música bem tocada, um livro bem escrito. Tem que te fazer mostrar os dentes, a voz, o suspiro. Tem que te levar a agir como idiota, rir de coisas sem sentido e te dar uma alegria sem explicação.
Tem que fazer sentido não saber o sentido de amar alguém ou algo.
Acredito que o amor só é verdadeiro quando tu não consegue explicar o porquê da sua existência.
E é por isso que eu já desisti de tentar entendê-lo.


Tá, tô me repetindo... mas eu achei esse texto nos meus arquivos e quis republicar... pra ver se inspira!!!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Dica "Cultural"

Espetáculo de Comédia:

O QUÊ: Espetáculo de Final de Ano - Laboratório da Dança
QUANDO: dias 15 e 16 de dezembro (sábado e domingo)
ONDE: Teatro da Assembléia Legislativa do Estado - Praça da Matriz
QUE HORA: 20h
QUANTO: R$ 10,00
POR QUE VALE A PENA: Pra me ver pagando mico em 3 coreografias e arrasando em apenas 1

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Massa da Mandioca

Quinta-feira passada rolou a festa do Salão da Propaganda, a festa do ANO do mercado publicitário. Não que a gente fique o ano inteiro esperando por ela, mas pelo que custa (R$ 200,00 para sócios da ARP), só dá pra ser uma vez por ano mesmo.
Pela terceira vez consecutiva, a DCS foi eleita a agência do ano. Nós, os peões, estávamos todos empolgados, felizes, festejando - talvez mais pela champa do que pelo Prêmio mesmo - , dançando música palha atrás de música palha (aliás, essa é uma tradição do Salão. O DJ sempre é ruim, independente de quem organiza ou onde é a festa), gritando "tri-campeã" entre um passo e outro, até que um imbecil resolveu chutar uma taça quebrada que estava na sua frente.
Ah, o Murphy... Esse amigo tão fiel que nunca me deixa... Adivinha o pé de QUEM a taça resolveu cortar?
Aí veio a função: correria, HPS, pontos, farmácia, remédio, curativos, casa da mãe, uma semana sem dançar, aquela quebra de rotina básica que parece que vem pra mostrar que, quando tudo está bem, não é pra gente se preocupar, pois alguma coisa ruim já já vai acontecer.
Mas enfim, cá estou, com o pé enfaixado e aquela linhazinha preta nojenta costurando a minha pele.
Ah, se eu pego aquele infeliz...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Tilt Mental

- Grand Plié em segunda indo para a direita
- Arabesk com a esquerda em plié
- Cruza atrás soltando braços
- Passé - cabeça para baixo
- Pega a bola na esquerda
- Abre attitud em plié com braços em "quarta"
- Estende tudo com elevê, cai tombé coupé andeor com a esquerda atrás
- Pisa esquerda trocando diagonal, passé andedan com a direita empurrando braço direito para trás
- Developé com a direita - braços à frente
- Esconde o rosto cruzando braço direito e perna direita à frente.
- Estende braço direito
- Developé 45º com a perna de trás (esquerda) trocando a diagonal
- Plié com coupé andedan
- Pega bola de novo e repete a seqüência
- Abre attitud em plié com braços em "quarta"
- Estende tudo com elevê, cai em tombé coupé andeor com a esquerda atrás
- Pisa esquerda trocando diagonal, passé andedan com a direita empurrando braço direito para trás
- Developé com a direita - braços à frente
- Esconde o rosto cruzando braço direito e perna direita à frente.
- Estende braço direito
- Developé 45º com a perna de trás (esquerda) trocando a diagonal
- Plié com coupé andedan
- Pisa atrás com a perna livre, junta as duas pernas e os dois braços à frente
- Avança a direita puxando braço direito para trás, por baixo
- Puxa passé andedan com a direita mantendo braço em segunda, abre passé andeor
- Desce para segunda na meia ponta, juntando o braço esquerdo com o direito por baixo
- os dois braços fazem a volta e terminam na direita, com plié só na perna direita
- Contrai o tronco virando para a esquerda e fechando o braço por baixo - meia ponta alta na direita
- Passa peso pra esquerda, geté em flex andedan para frente com a direita girando o braço direito para trás (uma volta e meia)
- Cai em plié nas duas, com direita à frente, meia ponta na de trás
- Contrai tudo virando para trás e já volta para frente na posição do plié de outubro
- Desce braço direito pelo tríceps puxando coupé com a esquerda
- Elevé - cai contraindo e abre os braços
- Espera 7 e 8
- Pirueta para trás, cai com as esquerda na frente, repete posição do início
- Entra braço direito entre os joelhos, puxa passé andedan com a direita fazendo a volta com os braços pela esquerda
- Contrai tudo como se estivessem puxando (direita à frente)
- Passo e developé pequeno, cai à frente contraído 3, fica 4
- Levanta 5, vira 6 e 7 - cai cabeça 8
- Braço atrás 1 e 2 abre tudo
- Gira braço, passé em flex, estende ainda em flex e cai cabeça pra direita.

HEIN?!?!?!?!?!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Poemas no ônibus

"Já não faz diferença se você vem amanhã ou não vem mais.
Desisti de esperar por alguém cuja presença me faz companhia."
Não sou muito chegada na Martha Medeiros, mas dessa vez tenho que reconhecer que ela tá coberta de razão. Isso é exatamente o que eu deveria sentir, mas tem uma partezinha de mim que ainda acredita que você vem. Talvez amanhã, talvez no sábado, talvez em dezembro, talvez no ano que vem, talvez................

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Cabelo Cabeleira

Finalmente, voltei a fazer jus ao meu apelido. Cortei os cabelos. Cultivo brócolis na cabeça de novo.
Um dia desses eu acordei, me olhei no espelho do elevador (pq eu não tenho espelho em casa) e pensei: "quem é essa cabeluda?". Não era eu. Não que eu não pudesse mudar, ficar com o visual diferente por um tempo, mas eu me sentia estranha, porque eu realmente me gosto mais de cabelos curtos.
E então comecei a me perguntar por que deixei o cabelo crescer, e a resposta que eu mesma me dei foi absurda: pra poder dançar zouk. E mais absurdo ainda: eu nem gosto de dançar zouk!!!! Pronto. Foi o suficiente pra eu correr pro Serginho.
E ele foi genial. Nunca pensei que um simples corte de cabelo fosse me fazer tão feliz...
Nesse ano tenho aprendido muitas coisas, mas principalmente a não fazer o que eu não quero. Por exemplo, deixar o cabelo crescer.

domingo, 14 de outubro de 2007

Correria.

É o que as pessoas à minha volta mais respondem quando eu pergunto "como vai a vida?". E quando eu pergunto isso, é porque eu realmente me interesso. Talvez seja um jeito de dizer "não tenho tempo e nem paciência pra te contar como estou". Aí eu me pergunto: correria pra onde? por quê? pra quê?
Para refletir sobre o ritmo alucinado que vivemos: Espetáculo Azáfama - dias 14, 20 e 21/10 (domingo, sábado e domingo) às 19h na sala 302 da Usina do Gasômetro. Recomendo.

Criação e Direção: Saionara Sosa
Elenco: Fernanda Santos, Marlise Machado, Roberto Volkmann, Saionara Sosa

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O tempo não pára

O tempo passa e eu continuo aqui a esperar as coisas acontecerem.
Sei que tudo vai dar certo e que elas vão acontecer, mas fico aflita por não poder fazer nada. Ou não conseguir fazer nada, o que é bem pior.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ultimo Romance


Los Hermanos
Composição: Rodrigo Amarante


Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pra eu merecer
Antes de um mês
Eu já não sei

E até quem me vê
Lendo jornal
Na fila do pão
Sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá
Que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor
A gente é quem sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco
Que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
Eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê
Deve não ser
Você me falou
Pra eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver
Eu penso em trocar
A minha TV num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir onde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar

Ah vai!
Me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora
Pego carona
Pra te acompanhar


ADORO LOS HERMANOS!!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Não me venham com chorumelas

A minha adolescência foi traumática. Eu não era feliz, eu sofria muito. Tinha épocas em que passava dias trancada no quarto, ouvindo Elis Regina e Bob Marley, deitada na rede, chorando por todas as injustiças que o mundo e meus pais faziam comigo.
Eu era gorda, mas não porque eu comia demais, e sim porque minha mãe tinha me obrigado a parar de dançar. Eu era cheia de espinhas, mas não porque eu não cuidava da minha pele, e sim por causa dos genes ruins do meu pai. O amor da minha vida não me queria, mas não porque eu não me fazia interessante, e sim porque ele era um trouxa. Eu tinha o cabelo feio, mas não porque eu era desleixada com ele, e sim porque ninguém fazia nada pra que ele melhorasse. Nem eu. E assim eu era: a injustiçada. Ó céus, ó vida.
Até que uma noite, já mais adultinha, eu fui numa festa, tomei um porre e cheguei em casa carregada. Minha mãe se apavorou e me disse que eu estava ficando alcoólatra (era a primeira vez que eu bebia de verdade... ah, os exageros) e me obrigou a fazer psicoterapia. Então, lá ia eu toda quinta-feira, de má vontade, contar da minha vida e dos meus sentimentos a um estranho. Eu falava, reclamava da vida, chorava, reclamava da vida, blasfemava, reclamava da vida, e ele só dizia "uhum, hmmm, uhum".
Eu achava aquilo tudo um saco, ficava imaginando o dia que o cara ia soltar uma gargalhada na minha cara dizendo: "sua ridícula, as tuas histórias só me fazem rir". Mas não foi o que ele fez. Depois de algumas sessões, ele fez uma única pergunta que mudou a minha vida: "E o que tu fez pra mudar essa situação?". E eu pensei: nada.
Foi naquele momento que caiu a ficha. Com uma única pergunta, ele me ensinou que, na vida, a gente sempre tem duas opções: facilitar ou dificultar as coisas. E eu comecei a perceber que as pessoas em geral gostam do difícil, do penoso, do sofrido. É mais fácil atribuir a culpa pelas nossas agruras aos outros, à vida. Afinal, na nossa sociedade católica é tão nobre ser digno de compaixão.
Mas eu resolvi seguir o conselho velado do meu psicólogo e escolhi fazer tudo mais fácil. E uma das decisões foi me dar alta da terapia.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sem Fantasia

Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia você não vai crescer
Vem, por favor, não evites
Meu amor, meus convites,
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

(música do Chico na vez da Bethânia, que luxo)

Ah, os jovenzinhos... Por que eu não me interesso por um cara de 30 anos?!?!
Afinal, quem precisa de sol no fim de semana, se ele vem na segunda-feira quando tu tá trancado na empresa trabalhando?!?!?!?!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

As minhas, as tuas, as nossas

Sim, esse blog é e será cheio de "EUs" e verbos em primeira pessoa. Sei que isso pode soar meio egocêntrico, mas tá, esse é o MEU blog. Tá escrito ali em cima: "Menina Brocolis", que deriva de "cabeça de brocolis", que deriva da frase "desde que tu começou a cultivar brocolis na cabeça..." (frase dita pelo meu amigo Tubbies, referindo-se ao meu então novo corte de cabelo, que até já mudou).
Então, é bem claro: esse blog reflete a MINHA realidade.
Além disso, eu prefiro falar sob o meu ponto de vista a escrever de um jeito que eu pareça ser a dona da verdade, dizendo que as coisas são assim e pronto. Aqui não tem verdades absolutas, e sim as minhas verdades, que são bem relativas, a propósito. Por vezes, elas podem ser as tuas também, e por muitas outras elas não serão de mais ninguém. E é por isso que eu gosto dos seres humanos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Reconvexo

Caetano Veloso


Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de
ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ai, ai...

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Quem não tem colírio...

Beleza é um assunto que me perturba. Ou melhor, a falta dela é que me perturba. Em "A Vida Sexual da Mulher Feia", a Claudinha Tajes diz que uma mulher só se percebe feia depois da primeira rejeição. A minha foi com quatorze anos, quando me apaixonei por um colega do novo colégio (eu e metade do novo colégio, só porque a outra metade eram homens heteros).
Eu era acostumada ao sucesso no amor, já que acabava de sair de um profundo romance de um beijo com o rei da escola anterior, e com apenas 13 anos já tinha arrancado lágrimas do gostosão da praia. Então, achei que com o R* seria barbada. Não foi. Depois que ele soube da minha paixão, passou por mim no corredor e disse para um amigo: "bah, meu, só me aparece dragão". Nossa, saí correndo para o banheiro, me olhei no espelho, e acreditei nele!!!!
Desde então, durante seis anos, eu assumi o rótulo feia-inteligente. E as pessoas, principalmente os guris, acreditaram em mim! Anos depois, o R* me jurou que aquela frase não tinha sido pra mim (até porque nós ficamos várias vezes depois), mas já era tarde demais, a carapuça estava colada na minha cabeça: FEIA-INTELIGENTE. Tipo aqueles chapéus de burro do Tom & Jerry.
Quando entrei na faculdade e no mercado publicitário, conheci muita gente interessante, culta e sabida, e percebi que eu não era tão inteligente assim...
Quando conheci meu primeiro namorado, percebi que eu também não era tão feia assim...
E foi aí que eu passei a viver sem saber muito qual é o meu rótulo, oscilando entre dias de Gisele Bundchen x dias de Bruxa do 71, entre dias de Einstein x dias de Mary Alexandre. Deve haver por aí algum título do tipo "tailor-made", de acordo com quem vê, ou então do tipo "day-by-day", depende do humor do dia. Enfim, como eu detesto rótulos, prefiro pensar que me encaixo na categoria "não encaixável em categoria alguma", e seja o que Deus (e as pessoas que convivem comigo) quiser!
Mesmo assim, apesar de toda essa convicção, beleza ainda é, definitivamente, um assunto capaz de me tirar o sono. Resquícios da adolescência traumática. Que comum.

* Substituí "Rafael" por "R" para preservar a identidade do rapaz (que também é com R. Dã)

domingo, 16 de setembro de 2007

Waiting in Vain

Quinta e sexta eu estava em São Paulo a trabalho. Já saí de Porto na quinta de manhã esperando a sexta à noite, hora de voltar. Passei 2 dias inteiros contando as horas, os minutos, os segundos. Quando finalmente cheguei no aeroporto de Guarulhos, na sexta às 19h, soube que meu vôo atrasaria. Sem novidades. Foram 3 horas esperando o embarque, depois mais uma hora na fila de decolagem, e mais uma hora e meia esperando o pouso.
Foi lá, dentro do avião, esperando e esperando, que eu percebi que não tinha vivido os últimos dois dias, e então lembrei de tantos outros dias que também não vivi, sempre esperando alguma coisa: o fim do dia, o próximo sábado, o verão, o amor, os quilos a menos, o aumento de salário, um novo namorado, a solteirice de novo, uma ligação, aquela declaração de amor. Só nunca esperei a segunda-feira, porque eu também não sou louca.
É essa inquietude de querer viver tudo ao mesmo tempo, tudo logo, grandes rompantes de felicidade... sem perceber que a felicidade plena é amena, é simples, é até pequena. Ela pode estar numa conversa de bar, numa música boa, num trabalho bem feito, num olhar de um estranho na sala de embarque, e em qualquer outro pequeno momento (nossa, que coisa mais clichê), e pode acontecer diariamente.
O bom dessa história é que eu ainda tenho 25 anos e muito chão pela frente, pois como já dizia Chico Science: “um passo à frente, e você não está mais no mesmo lugar”.E como já dizia Jorge Maravilha, prenhe de razão, mais vale uma filha na mão do que dois pais voando.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A Organização do Caos

Terça-feira eu fui ver Big in Bombay, um espetáculo de uma companhia dirigida pela Constanza Makras, argentina que vive na Alemanha desde 1995. O objetivo, pelo que estava escrito no programa, era mostrar o que as pessoas de diferentes culturas fazem pelo sucesso e pela fama, e como isso se reflete nas outras culturas.
Pra mim, era o retrato fiel do caos organizado. Bailarinos correndo, falando, gritando, dançando, transando até! Tudo isso que acontece no dia da gente, só que ao mesmo tempo. Difícil de se prender em um ponto só, difícil prestar atenção em tudo, fácil de entender. Segundo a lei da gestalt (nossa, nem sei se me lembro, faz tanto tempo que estudei isso), a gente vê o todo, e não os detalhes da imagem. Pois eu me prendi em um personagem específico: um maluco que gritava com todo mundo, jogava coisas, girava girava girava. Não sei por que aquele foi o que mais me tocou, embora fosse o menos profundo, o menos atlético, o menos performático, talvez até o menos técnico. Ele era tão solitário e tão cheio de gente em volta... todos eram diferentes entre si, mas tinham pelo menos algo em comum: cada um preocupado com suas próprias dores. E o meu personagem, preocupado em deixar saírem as suas próprias insanidades.
Talvez eu tenha me identificado com essa vontade reprimida de gritar, de correr, de sair daqui de dentro. Aqui dentro tem muito pouco espaço, eu quero mais, quero o vento, quero a palpitação, quero a correria e a calma ao mesmo tempo. Quero alguém que me acompanhe, mas também que me deixe ir sozinha.
No final do espetáculo, todos juntos o expulsaram do palco. E ele foi.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Estamos aí

Pois então, comecemos novamente. Dessa vez, o primeiro post será em homenagem ao Junior.
Juju, como te falei, aí vai aquele soneto do Vinícius que diz muito a teu respeito.


SONETO DA FIDELIDADE - Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me preocupe
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.