terça-feira, 30 de outubro de 2007

Poemas no ônibus

"Já não faz diferença se você vem amanhã ou não vem mais.
Desisti de esperar por alguém cuja presença me faz companhia."
Não sou muito chegada na Martha Medeiros, mas dessa vez tenho que reconhecer que ela tá coberta de razão. Isso é exatamente o que eu deveria sentir, mas tem uma partezinha de mim que ainda acredita que você vem. Talvez amanhã, talvez no sábado, talvez em dezembro, talvez no ano que vem, talvez................

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Cabelo Cabeleira

Finalmente, voltei a fazer jus ao meu apelido. Cortei os cabelos. Cultivo brócolis na cabeça de novo.
Um dia desses eu acordei, me olhei no espelho do elevador (pq eu não tenho espelho em casa) e pensei: "quem é essa cabeluda?". Não era eu. Não que eu não pudesse mudar, ficar com o visual diferente por um tempo, mas eu me sentia estranha, porque eu realmente me gosto mais de cabelos curtos.
E então comecei a me perguntar por que deixei o cabelo crescer, e a resposta que eu mesma me dei foi absurda: pra poder dançar zouk. E mais absurdo ainda: eu nem gosto de dançar zouk!!!! Pronto. Foi o suficiente pra eu correr pro Serginho.
E ele foi genial. Nunca pensei que um simples corte de cabelo fosse me fazer tão feliz...
Nesse ano tenho aprendido muitas coisas, mas principalmente a não fazer o que eu não quero. Por exemplo, deixar o cabelo crescer.

domingo, 14 de outubro de 2007

Correria.

É o que as pessoas à minha volta mais respondem quando eu pergunto "como vai a vida?". E quando eu pergunto isso, é porque eu realmente me interesso. Talvez seja um jeito de dizer "não tenho tempo e nem paciência pra te contar como estou". Aí eu me pergunto: correria pra onde? por quê? pra quê?
Para refletir sobre o ritmo alucinado que vivemos: Espetáculo Azáfama - dias 14, 20 e 21/10 (domingo, sábado e domingo) às 19h na sala 302 da Usina do Gasômetro. Recomendo.

Criação e Direção: Saionara Sosa
Elenco: Fernanda Santos, Marlise Machado, Roberto Volkmann, Saionara Sosa

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O tempo não pára

O tempo passa e eu continuo aqui a esperar as coisas acontecerem.
Sei que tudo vai dar certo e que elas vão acontecer, mas fico aflita por não poder fazer nada. Ou não conseguir fazer nada, o que é bem pior.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ultimo Romance


Los Hermanos
Composição: Rodrigo Amarante


Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pra eu merecer
Antes de um mês
Eu já não sei

E até quem me vê
Lendo jornal
Na fila do pão
Sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá
Que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor
A gente é quem sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco
Que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
Eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê
Deve não ser
Você me falou
Pra eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver
Eu penso em trocar
A minha TV num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir onde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar

Ah vai!
Me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora
Pego carona
Pra te acompanhar


ADORO LOS HERMANOS!!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Não me venham com chorumelas

A minha adolescência foi traumática. Eu não era feliz, eu sofria muito. Tinha épocas em que passava dias trancada no quarto, ouvindo Elis Regina e Bob Marley, deitada na rede, chorando por todas as injustiças que o mundo e meus pais faziam comigo.
Eu era gorda, mas não porque eu comia demais, e sim porque minha mãe tinha me obrigado a parar de dançar. Eu era cheia de espinhas, mas não porque eu não cuidava da minha pele, e sim por causa dos genes ruins do meu pai. O amor da minha vida não me queria, mas não porque eu não me fazia interessante, e sim porque ele era um trouxa. Eu tinha o cabelo feio, mas não porque eu era desleixada com ele, e sim porque ninguém fazia nada pra que ele melhorasse. Nem eu. E assim eu era: a injustiçada. Ó céus, ó vida.
Até que uma noite, já mais adultinha, eu fui numa festa, tomei um porre e cheguei em casa carregada. Minha mãe se apavorou e me disse que eu estava ficando alcoólatra (era a primeira vez que eu bebia de verdade... ah, os exageros) e me obrigou a fazer psicoterapia. Então, lá ia eu toda quinta-feira, de má vontade, contar da minha vida e dos meus sentimentos a um estranho. Eu falava, reclamava da vida, chorava, reclamava da vida, blasfemava, reclamava da vida, e ele só dizia "uhum, hmmm, uhum".
Eu achava aquilo tudo um saco, ficava imaginando o dia que o cara ia soltar uma gargalhada na minha cara dizendo: "sua ridícula, as tuas histórias só me fazem rir". Mas não foi o que ele fez. Depois de algumas sessões, ele fez uma única pergunta que mudou a minha vida: "E o que tu fez pra mudar essa situação?". E eu pensei: nada.
Foi naquele momento que caiu a ficha. Com uma única pergunta, ele me ensinou que, na vida, a gente sempre tem duas opções: facilitar ou dificultar as coisas. E eu comecei a perceber que as pessoas em geral gostam do difícil, do penoso, do sofrido. É mais fácil atribuir a culpa pelas nossas agruras aos outros, à vida. Afinal, na nossa sociedade católica é tão nobre ser digno de compaixão.
Mas eu resolvi seguir o conselho velado do meu psicólogo e escolhi fazer tudo mais fácil. E uma das decisões foi me dar alta da terapia.