segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sem Fantasia

Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia você não vai crescer
Vem, por favor, não evites
Meu amor, meus convites,
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

(música do Chico na vez da Bethânia, que luxo)

Ah, os jovenzinhos... Por que eu não me interesso por um cara de 30 anos?!?!
Afinal, quem precisa de sol no fim de semana, se ele vem na segunda-feira quando tu tá trancado na empresa trabalhando?!?!?!?!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

As minhas, as tuas, as nossas

Sim, esse blog é e será cheio de "EUs" e verbos em primeira pessoa. Sei que isso pode soar meio egocêntrico, mas tá, esse é o MEU blog. Tá escrito ali em cima: "Menina Brocolis", que deriva de "cabeça de brocolis", que deriva da frase "desde que tu começou a cultivar brocolis na cabeça..." (frase dita pelo meu amigo Tubbies, referindo-se ao meu então novo corte de cabelo, que até já mudou).
Então, é bem claro: esse blog reflete a MINHA realidade.
Além disso, eu prefiro falar sob o meu ponto de vista a escrever de um jeito que eu pareça ser a dona da verdade, dizendo que as coisas são assim e pronto. Aqui não tem verdades absolutas, e sim as minhas verdades, que são bem relativas, a propósito. Por vezes, elas podem ser as tuas também, e por muitas outras elas não serão de mais ninguém. E é por isso que eu gosto dos seres humanos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Reconvexo

Caetano Veloso


Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de
ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ai, ai...

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Quem não tem colírio...

Beleza é um assunto que me perturba. Ou melhor, a falta dela é que me perturba. Em "A Vida Sexual da Mulher Feia", a Claudinha Tajes diz que uma mulher só se percebe feia depois da primeira rejeição. A minha foi com quatorze anos, quando me apaixonei por um colega do novo colégio (eu e metade do novo colégio, só porque a outra metade eram homens heteros).
Eu era acostumada ao sucesso no amor, já que acabava de sair de um profundo romance de um beijo com o rei da escola anterior, e com apenas 13 anos já tinha arrancado lágrimas do gostosão da praia. Então, achei que com o R* seria barbada. Não foi. Depois que ele soube da minha paixão, passou por mim no corredor e disse para um amigo: "bah, meu, só me aparece dragão". Nossa, saí correndo para o banheiro, me olhei no espelho, e acreditei nele!!!!
Desde então, durante seis anos, eu assumi o rótulo feia-inteligente. E as pessoas, principalmente os guris, acreditaram em mim! Anos depois, o R* me jurou que aquela frase não tinha sido pra mim (até porque nós ficamos várias vezes depois), mas já era tarde demais, a carapuça estava colada na minha cabeça: FEIA-INTELIGENTE. Tipo aqueles chapéus de burro do Tom & Jerry.
Quando entrei na faculdade e no mercado publicitário, conheci muita gente interessante, culta e sabida, e percebi que eu não era tão inteligente assim...
Quando conheci meu primeiro namorado, percebi que eu também não era tão feia assim...
E foi aí que eu passei a viver sem saber muito qual é o meu rótulo, oscilando entre dias de Gisele Bundchen x dias de Bruxa do 71, entre dias de Einstein x dias de Mary Alexandre. Deve haver por aí algum título do tipo "tailor-made", de acordo com quem vê, ou então do tipo "day-by-day", depende do humor do dia. Enfim, como eu detesto rótulos, prefiro pensar que me encaixo na categoria "não encaixável em categoria alguma", e seja o que Deus (e as pessoas que convivem comigo) quiser!
Mesmo assim, apesar de toda essa convicção, beleza ainda é, definitivamente, um assunto capaz de me tirar o sono. Resquícios da adolescência traumática. Que comum.

* Substituí "Rafael" por "R" para preservar a identidade do rapaz (que também é com R. Dã)

domingo, 16 de setembro de 2007

Waiting in Vain

Quinta e sexta eu estava em São Paulo a trabalho. Já saí de Porto na quinta de manhã esperando a sexta à noite, hora de voltar. Passei 2 dias inteiros contando as horas, os minutos, os segundos. Quando finalmente cheguei no aeroporto de Guarulhos, na sexta às 19h, soube que meu vôo atrasaria. Sem novidades. Foram 3 horas esperando o embarque, depois mais uma hora na fila de decolagem, e mais uma hora e meia esperando o pouso.
Foi lá, dentro do avião, esperando e esperando, que eu percebi que não tinha vivido os últimos dois dias, e então lembrei de tantos outros dias que também não vivi, sempre esperando alguma coisa: o fim do dia, o próximo sábado, o verão, o amor, os quilos a menos, o aumento de salário, um novo namorado, a solteirice de novo, uma ligação, aquela declaração de amor. Só nunca esperei a segunda-feira, porque eu também não sou louca.
É essa inquietude de querer viver tudo ao mesmo tempo, tudo logo, grandes rompantes de felicidade... sem perceber que a felicidade plena é amena, é simples, é até pequena. Ela pode estar numa conversa de bar, numa música boa, num trabalho bem feito, num olhar de um estranho na sala de embarque, e em qualquer outro pequeno momento (nossa, que coisa mais clichê), e pode acontecer diariamente.
O bom dessa história é que eu ainda tenho 25 anos e muito chão pela frente, pois como já dizia Chico Science: “um passo à frente, e você não está mais no mesmo lugar”.E como já dizia Jorge Maravilha, prenhe de razão, mais vale uma filha na mão do que dois pais voando.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A Organização do Caos

Terça-feira eu fui ver Big in Bombay, um espetáculo de uma companhia dirigida pela Constanza Makras, argentina que vive na Alemanha desde 1995. O objetivo, pelo que estava escrito no programa, era mostrar o que as pessoas de diferentes culturas fazem pelo sucesso e pela fama, e como isso se reflete nas outras culturas.
Pra mim, era o retrato fiel do caos organizado. Bailarinos correndo, falando, gritando, dançando, transando até! Tudo isso que acontece no dia da gente, só que ao mesmo tempo. Difícil de se prender em um ponto só, difícil prestar atenção em tudo, fácil de entender. Segundo a lei da gestalt (nossa, nem sei se me lembro, faz tanto tempo que estudei isso), a gente vê o todo, e não os detalhes da imagem. Pois eu me prendi em um personagem específico: um maluco que gritava com todo mundo, jogava coisas, girava girava girava. Não sei por que aquele foi o que mais me tocou, embora fosse o menos profundo, o menos atlético, o menos performático, talvez até o menos técnico. Ele era tão solitário e tão cheio de gente em volta... todos eram diferentes entre si, mas tinham pelo menos algo em comum: cada um preocupado com suas próprias dores. E o meu personagem, preocupado em deixar saírem as suas próprias insanidades.
Talvez eu tenha me identificado com essa vontade reprimida de gritar, de correr, de sair daqui de dentro. Aqui dentro tem muito pouco espaço, eu quero mais, quero o vento, quero a palpitação, quero a correria e a calma ao mesmo tempo. Quero alguém que me acompanhe, mas também que me deixe ir sozinha.
No final do espetáculo, todos juntos o expulsaram do palco. E ele foi.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Estamos aí

Pois então, comecemos novamente. Dessa vez, o primeiro post será em homenagem ao Junior.
Juju, como te falei, aí vai aquele soneto do Vinícius que diz muito a teu respeito.


SONETO DA FIDELIDADE - Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me preocupe
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.